SOU ALUNO DO CEMTN. ENTREI NUMA FRIA?

            Talvez você já tenha resmungado consigo mesmo referente ao nosso colégio. Quem sabe, você já reclamou sobre a rigidez dos horários, já que temos horário de chegada, horário do lanche, horário do intervalo e horário de saída. Quem sabe, você já reclamou sobre a não permissão do uso do boné ou mesmo do uso do som portátil. Ou ainda, você reclamou da rigidez de alguns dos seus professores quanto ao comportamento e cumprimento de tarefas. Em suma: sou aluno do CEMTN  e entrei numa fria ao colocar meus pés aqui. 
            Mas o que você não sabe é que eu também sou aluno do CEMTN. Por exemplo, minhas participações junto aos aulões ministrados em anos anteriores foram verdadeiros momentos de aprendizado. A maneira simples e eficiente que o professor Rogério Póvoa coloca os dilemas existenciais à luz da Sociologia me encanta. A conduta zelosa revelada pelo professor Cárlinton tem sido inspiração para minha vida. As pequenas encenações desempenhadas pelas professoras Delma e Léia demonstram despreendimento. As aulas de Matemática da professora Ângela são simplesmente recheadas de tecnologia de última ponta. A ministração da professora Susi sobre a obra “O discurso da servidão voluntária” arrancou palmas de todos os presentes ao auditório no quarto bimestre de 2010. A genialidade da professora Zionora na condução de suas aulas de Física é, desculpe a redundância, genial. E os embates sobre o papel da Gramática na sociedade e o preconceito linguístico que acontecem sempre que professores de Língua Portuguesa estão juntos são sempre verdadeiros seminários. A preocupação ecológica demonstrada pelo professor Moraes são dignas de imitação.
            Há mais exemplos em que eu aprendo dentro do CEMTN. Semana passada, numa das aulas de Português do vespertino, aprendi um pouco sobre ideogramas. Na mesma semana, outro aluno ensinou-me um comando diferente no computador para facilitar a apresentação dos slides. Quantas vezes saí emocionado do auditório devido às magníficas apresentações teatrais promovidas por alunos? Já perdi a conta. E as ações sociais promovidas pelo primeiro ano, quando do “Aluno Cidadão”? Tanto a escola como instituições sociais (abrigos, creches etc.) já sentiram na pele a dedicação dos alunos do CEMTN. E as inúmeras experiências adquiridas, simplesmente por visitar os estandes organizados pelas turmas nas incontáveis feiras de ciência? São alunos dando aula. E a união dos vários grupos nas diferentes gincanas realizadas aqui? Quanta garra! Quanta determinação!
            Há mais exemplos, mas vou parar.
            Entrar numa fria foi o que aconteceu comigo, quando fiz meu Ensino Médio. Praticamente todas as aulas eram exclusivamente à base de cópia do quadro, mesmo com livro adotado. De cada cinquenta minutos de aula, pelo menos a metade era escrevendo, escrevendo mesmo. A ponto de a professora precisar apagar parte do quadro para continuar. As aulas de análise de texto eram de fachada. Poemas eram apresentados apenas para reconhecer o sujeito, o predicado e coisas afins. Reflexão que era bom, nada. Nas aulas de Literatura, bastava decorar quem escreveu o que. Trabalhos em grupo, praticamente não existiam. Enfim,  os conteúdos eram o fim e não se falava em crescimento enquanto cidadão. Claro que tinha exceção. O professor de Matemática que, mesmo apenas ao quadro,  incentivava os alunos a deduzir fórmulas no lugar de decorá-las. O professor de Eletrônica do turno contrário fazia de tudo para mostrar, na prática, os diferentes fenômenos elétricos.  Gincana, passeios (pedagógicos ou não) e  atividades extraclasse eram sonhos de consumo. A única vez em que nossa turma saiu junta foi para jogar bola na Quinta da Boa Vista, e assim mesmo foi preciso assassinar um dia letivo. Tudo isso em uma boa escola particular em Madureira-RJ entre 1976 e 1978. Passar de ano era simples. Bastava decorar informações e reproduzi-las nas provas.
            Sei que os tempos são outros, a mentalidade é nova, os valores são diferentes, as técnicas de ensino evoluíram. Porém, será mesmo verdade o que você se questiona quando afirma ter entrado numa fria ao chegar aqui?  
            O CEMTN é um lugar de aprendizado, é um lugar de crescimento e é um lugar de amadurecimento. Sobretudo, é um lugar de aconchego.  Faça excelente proveito do seu tempo aqui. Com certeza, o sucesso seguirá você.

                                                                                                 Fernando Fernandes