quinta-feira, 26 de maio de 2011

2º ANO - ORIENTAÇÕES PARA A PROVA MENSAL 7 JUNHO 2011

Para a prova mensal do 2ºL, a ser realizada em 7 de junho próximo, serão considerados as seguintes obras artísticas e científicas contidas nos OBJETOS DE AVALIAÇÃO - SUBPROGRAMA 2009 - SEGUNDA ETAPA - CONTEÚDOS PARA O PAS:
     • Música Matança, de Augusto Jatobá.

     • Livro Almanaque Brasil Socioambiental 2008  - páginas 32, 33, 34 e 37
     • Escultura Flor do Mangue, de Franz Krajberg
     • Pintura Eldorado, de Nelson Screnci


Para facilitar, abaixo algumas informações sobre as obras.
 
1 - Música Matança, de Augusto Jatobá.
       Augusto Jatobá - Em 1980, produziu o LP Xangai - Que Qui Tu Tem Canário - que teve prêmio da Associação de Produtores, além de ser um dos poucos discos independentes a ter apresentação no Fantástico da Rede Globo, com a música Matança.
      Dados disponíveis em:
       http://poeiraecantos2.blogspot.com/2009/11/augusto-jatoba-navios-dos-animais.html  -  Acesso 23 maio 2011

Em sites com letras de músicas você tem acesso à letra; no youtube, você a ouve.

2 - Livro Almanaque Socioambiental 2008 - páginas 32, 33, 34 e 37
     Nas páginas citadas, você encontra algumas situações em que o conceito de verdade e mentira na ciência foram modificados ao longo do tempo. Também você encontra um texto interessante sobre o nosso planeta em que a sustentabilidade da vida do planeta é discutida.

     No endereço eletrônico abaixo, você acessa esse conteúdo.
     http://www.socioambiental.org/banco_imagens/pdfs/10297.pdf


3 - Escultura Flor do Mangue, de Franz Krajberg
      Krajcbert é um dos grandes representantes da arte contemporânea brasileira. Nascido na Polônia em 1921, naturalizou-se brasileiro.
     A escultura "Flor do mangue" é de grande porte - mede 12 X 8 metros e possui 5 metros de altura e usa como matéria-prima resíduos de árvores de manguezais destruídos pela especulação imobiliária.
     Dados disponíveis em: 

     http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/06/05/escultura-flor-do-mangue-de-frans-krajcberg-106452.asp - Acesso em 23 maio 2011


     Imagem disponível em:
     http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/06/05/escultura-flor-do-mangue-de-frans-krajcberg-106452.asp

4 - Pintura Eldorado, de Nelson Screnci
     Nascido em l955, o autor é artista plástico, professor de Artes Visuais e de História da Arte. Formado em Artes Plásticas na FAAP em 1982, recebeu no ano seguinte o Prêmio Pirelli-Masp.
      A pintura de Screnci compõe-se a partir da articulação de imagens retiradas da memóriapessoal, da história da arte ou de situações do cotidiano que remetem à cultura demassa. Utilizando-se de recursos compositivos tais como a multiplicação de imagens oua analogia entre obras históricas, propõe um exercício criativo e poético com a intençãode provocar no expectador o questionamento da condição humana diante da realidadecontemporânea.
               Dados disponíveis em:http://nelsonscrenci.com.br/biografia-de-nelson-screnci.php - Acesso em 23 Mai 2011

      Imagem disponível em:
      http://u1.ipernity.com/14/89/58/7358958.f84a97c8.560.jpg

      Boa prova.

 4     Bpa

1º ANO - ORIENTAÇÕES PARA A PROVA MENSAL 7 JUNHO 2011

Conforme já foi avisado em sala, todos os alunos do primeiro ano deverão se apresentar para a prova mensal a ser realizada no dia 7 de junho próximo com a leitura prévia das seguintes obras, aqui acrescida do item número 3:

1) A pele do lobo, da autoria de Artur Azevedo - disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1763

2) A oração dos desesperados, da autoria de Sérgio Vaz - disponível em:
http://www.cdbb.com.br/admin/arquivos/ORACAO_DOS_DESESPERADOS_SERGIO_VAZ.pdf

3) Livro Almanaque Socioambiental 2008 - páginas 32, 33, 34 e 37
    Nas páginas citadas do Almanaque, você encontra algumas situações em que o conceito de verdade e mentira na ciência foram modificados ao longo do tempo. Também você encontra um texto interessante sobre o nosso planeta em que a sustentabilidade da vida do planeta é discutida. No endereço eletrônico abaixo, você acessa esse conteúdo.
     
   Quando da leitura das três obras citadas, não se esqueça de que sua leitura precisa ser compatível com a leitura de um aluno de Ensino Médio. Isto é, não é uma leitura às pressas enquanto se assiste televisão. Sendo assim:

a) Reflita sobre os valores sociais, ideológicos, religiosos, familiares presentes;

b) Até que ponto esses valores coincidem ou não com sua própria visão de mundo.

c) O que precisa ser feito para mudar as várias situações apresentadas ao longo da leitura, caso essas mudanças fossem necessárias?

     Boa prova

segunda-feira, 9 de maio de 2011

2º ANO - DEMÔNIO EM FORMA DE MULHER

     O início do segundo bimestre foi marcado pelo início dos preparativos do nosso festival literário. Com certeza, será um sucesso total. A ponto de haver um divisor de águas no colégio: antes e depois do show a ser apresentado pelo 2ºL.


     Também demos início aos estudos do Romantismo em Portugal. Vimos que os portugueses também se preocupavam com a modernidade. Eles também queriam seguir os passos já trilhados pelos franceses. Tanto é que a Revolução Liberal marca esse desejo. Ao mesmo tempo, a nova estética literária – a romântica – é trazida para o seio português.

     Um poema analisado recentemente em sala é da autoria do português Almeida Garret. Abaixo, transcrevo-o, conforme está no nosso material de estudo.

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de-ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.


Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua frente anuviada
Não vejo a c’roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d’amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não tem. – Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová o Belzebu?


Não respondes - e em teus braços
Com fenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... Lágrima? – Escaldou-me
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

     O poema, como um todo, é construído tendo como base a figura de linguagem antítese.

     Na primeira estrofe, a antítese se apresenta por meio do binômio força masculina / rendição ao sentimento. Por exemplo, em Minha razão insolente / Ao teu capricho se inclina; E minha alma forte, ardente, / Que nenhum jugo respeita, / Covardemente sujeita / Anda humilde a teu poder. Parafraseando os exemplos, temos o seguinte: a razão masculina se rende ao capricho feminino; a fortaleza da alma masculina que nada respeita confessa estar sujeito ao poder feminino. Como características literárias temos o sentimentalismo, o subjetivismo e o egocentrismo. Em todos os casos, o eu-lírico revela toda sua angústia, insegurança e confessa sua fraqueza diante de algo mais forte do que ele.

     Na segunda estrofe, a antítese se manifesta por meio da idealização feminina (traço físico como ideal de perfeição ao eu-lírico) versus o que esses traços deveriam apresentar (componente psicológico). Na aparência (pureza, brancura das nuvens), o eu-lírico não encontra a pureza das rosas; no seio ardente, deveria haver o pudor. Mas não há porque não há véu a cobrir. A beleza física dos olhos não traz a pureza espiritual. A augústia é tão grande que a estrofe se encerra com dois questionamentos: Em nome de quem vieste? / Paz ou guerra me trouxeste / De Jeová o Belzebu?

     Na terceira estrofe, ainda que o eu-lírico não tenha a resposta aos seus questionamentos, ele confessa estar rendido a essa paixão, quando afirma já ter sido apertado pelos seus abraços. A expressão anjo maldito deixa bem claro que ele sofre de maneira consciente, bem diferente do que ocorre nos versos Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente (Camões).   Gregório de Matos, em um de seus sonetos em que a oposição anjo/demônio aparece, ele afirma em relação ao papel feminino, nos mesmos moldes em que Garret aplica aqui, cerca de 200 anos depois: Posto que os Anjos nunca dão pesares, / Sois Anjo que me tenta, e não me guarda. (Gregório) O eu-lírico, inclusive, se sente condenado quando afirma Que este ardor que me devora / É já fogo de precito (precito = condenação). Mais uma vez o questionamento por meio  da antítese anjo e mulher.

     O poema em análise, além de trazer dentro da sua estrutura a estética romântica, também apresenta traços do que hoje se chama de poesia romântica. Ambas as abordagens (Romantismo e romantismo) são perceptíveis. Mas que lições podemos tirar do poema? Evidentemente, somos indivíduos diferentes, com diferentes histórias de vida. Vale ou não vale a apena se arrebentar por algo que queiramos? Devemos lutar por algo que sabemos irá tirar nossa tranquilidade? Ou devemos buscar situações que tragam paz e sossego ao coração, ainda que não seja aquela situação desejada? Ou, ainda, até que ponto temos consciência de que algo é maléfico, lutamos com todas as nossas forças para evitá-lo, contudo, somos levados pela correnteza?
    
     Diferentes leituras, diferentes questionamentos, diferentes respostas. Tudo para diferentes leitores.

     Eu não tenho as respostas. Você tem?

1º ANO - TEORIA LITERÁRIA - UMA PRÁTICA - UM CONSELHO

     Recentemente, concluímos nossas observações sobre o que a tradição denomina de ‘teoria literária’, em que um dos focos é a distinção entre texto literário e texto não literário.

     Sobre essa distinção, gostaria de aproveitar o espaço para realizar uma nova análise sobre esse binômio a partir de dois exemplos de textos pertencentes ao gênero textual bilhete escolar.
    
O primeiro texto, doravante denominado de texto 1, diz o seguinte:

Senhores pais ou responsáveis, neste final de semana haverá uma atividade pedagógica envolvendo a exibição de um filme e posterior debate. O início da atividade dar-se-á às 8h.


Contamos com a sua compreensão no sentido de incentivar a presença de seu filho(a) no colégio.


Atenciosamente,


A direção.

     Já o segundo texto, doravante denominado de texto 2, distribuído aos alunos na sexta-feira anterior ao Dia das Mães de 2011, diz o seguinte:

Srs. pais, não abandoneis os vossos filhos,
pequenos meninos, pequenos corações vadios
que pensam que só porque deixaram o ninho
já sabem voar.
Alguns até já nascem alados, mas mesmos estes,
não os deixeis de lado.


Srs. pais, não abandoneis o dom de serdes mães:
colos acolhedores, portos seguros, ponto de partida e chegada,
abraço, aconchego, chamego, olhos e lágrimas,
boca, beijo e conselho, espinho e carinho.


Senhores pais, não abandoneis os vossos filhos,
pois em cada esquina há um inimigo
querendo ser amigo de vosso abandonado filho.


Senhores pais, não desista de vossos filhos,
sede incansáveis, insones, inesgotáveis e, principalmente,
inseparáveis de vossos filhos – vossos tesouros.


Senhores pais, vigiai, ficai à espreita, pois
vossos filhos são flechas, mas vós sois o arco
aquele que dá o impulso e a direção.

Leia F. Carmo – professora de Língua Portuguesa do CEMTN do turno vespertino

     Fica muito claro que o texto 1 não pode ser considerado um texto artístico, um texto literário. Ele é marcado pela literalidade das suas palavras. A denotação predomina e a ênfase está na informação – função referencial. A objetividade também está em realce, ainda que o emissor se posicione no segundo parágrafo por meio da função apelativa da linguagem.

     Já o texto 2 tem tudo para ser considerado um texto literário. Como um todo, mantém a mesma estrutura textual do texto 1. O uso da segunda pessoa do plural dá ao texto um ar solene. A organização das linhas não acontece da mesmíssima forma em relação ao exemplo anterior. Mesmo assim, prefiro trabalhar com a ideia de parágrafo a estrofe. Não pretendo esgotar todas as possibilidades de análise, mas sim destacar alguns pontos.

     Vejamos.

     No primeiro parágrafo, a autora se valeu da assonancia – emprego de sons vocálicos como recurso expressivo – ao utilizar as palavras filhos e vadios. Além disso, fica claro que vadios traz em si um sentido diferente do normalmente empregado à palavra. E a metáfora aplicada às expressões ninho, voar e alados sugerem a associação a pássaros que já são capazes de voar.

     No segundo parágrafo, de cara a autora brinca com a semântica da palavra pais. Se por um lado pais é o plural de pai, pais também abrange a figura materna. É aqui que a autora chama a atenção do leitor ao aproximar pais e mães e desfazendo um eventual choque de sentidos.

     Na sequência, há uma série de itens enumerados. Em colos acolhedores, portos seguros e ponto de partida e de chegada, há o emprego do pleonasmo – a repetição de uma ideia usando palavras diferentes. E na primeira citação há o emprego da aliteração – repetição de sons consonantais como efeito expressivo. Nas expressões abraço, aconchego, chamego, novamente a autora brinca com a sonoridade (aliteração e assonância) das palavras; em olhos e lágrimas, boca, beijo e conselho, a autora também brinca com a sonoridade das palavras; em espinho e carinho temos a antítese, recurso expressivo que consiste na aproximação de idéias opostas como recurso expressivo, além da assonância.

     No terceiro parágrafo, a autora abusou da antítese em não abandoneis e abandonado e em amigo e inimigo.

     No penúltimo parágrafo, a sonoridade aparece mais uma vez por meio da escolha de palavras iniciadas com o prefixo de negação in. É obvio que a autora poderia se valer de outras palavras, porém, a opção por negativas como feita dá beleza ao texto.

     Por fim, a autora encerra o texto com um novo emprego da metáfora. Dessa fez, pais e filhos são associados a arco e flecha. Da mesma forma que a flecha é direcionada pelo arco, nossos filhos são direcionados por nós, pais e mães.

     Além do próprio recado, no texto 2 há o trabalho com a palavra – a chamada função poética da mensagem – que dá ao texto a literariedade necessária.

     Concluindo, penso que toda a análise acima é interessante e ajuda ao leitor na percepção dos detalhes envolvidos na construção do texto. Contudo, de nada vale o saber intelectual, a análise acurada de um texto, a percepção dos jogos de palavras se o leitor não for capaz de aplicar seu coração a um texto tão lindo, tão real e tão aconselhador. Sei que meus alunos e alunas ainda não estão na condição de pais/mães, mas sei que são capazes de aplicar esses conselhos num futuro que está mais ou menos próximo.