sábado, 19 de fevereiro de 2011

OBRAS DO PAS - 1º E 2º ANOS

Para aqueles que pretendem realizar as provas do PAS ao final de 2011, gostaria de esclarecer alguns pontos:

1 - Até algum tempo, as obras literárias eram trabalhadas como um fim em si mesmo. Agora, essas obras (literárias, filosóficas, pinturas, esculturas, canções, filmes, retratos) são trabalhadas como ferramenta para se compreender determinadas realidades.

2 - E que realidades e/ou questionamentos são esses? Uma boa maneira de compreender essas relações (embora caiba ao aluno dar o devido aprofundamento) é a leitura dos OBJETOS DE AVALIAÇÃO DO PAS da respectiva série. Cada documento é dividido em dez temas, cada qual com reflexões e cada reflexão pode ser melhor compreendida quando da observação da obra (literária, filosófica, pintura, escultura, canção, filme, retrato)ali citada. No www.cespe.unb.br você encontra os OBJETOS da respectiva série.

3 - Com certeza, aquele que se propuser a investir seu tempo de estudo dos OBJETOS, analisar cada questionamento e relacionar com o trabalho artístico ali citado, irá ter uma compreensão diferenciada sobre o que a Unb pretende. É obvio que também é necessário o estudo das várias disciplinas da série. Porém, a leitura que sugiro vai proporcionar um ganho enorme no que tange a percepção de mundo nas relações sociais, políticas, filosóficas e ideológicas em manifestações artísticas de diferentes tipos e produzidas em épocas diferentes. E tudo isso permite também um melhor entendimento dos nossos questionamentos enquanto seres humanos.

4 - Para a primeiro ano, os OBJETOS DE AVALIAÇÃO DO PAS estão em:

http://www.cespe.unb.br/pas/guiapas2010/Matriz_Avaliac_1a_etapa_2009.pdf
(digitar tudo junto)



5 - Para o segundo ano, os OBJETOS DE AVALIAÇÃO DO PAS estão em:

http://www.cespe.unb.br/pas/guiapas2009/Matriz_Avaliac_2a_etapa_2009.pdf?inpopup=true&id=3899
(digitar tudo junto)

6 - Qualquer dúvida, peça ajuda aos docentes do seu CEMTN.

Fernando

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

GRAMÁTICA ... GRAMÁTICAS

Provavelmente, você já tenha dito a você mesmo que não sabe Português. Tudo porque suas notas na disciplina são baixas ou, mesmo que as notas sejam boas, há uma dificuldade muito grande em assimilar as regras de ortografia, de concordância, de regência etc. Recentemente, alguma coisa sobre o uso do hífen e sobre a acentuação gráfica foi modificada pelo Novo Acordo. “Mas eu nem sabia as regras antigas, quanto mais as novas.”, você poderia ponderar.

A situação acima está relacionada ao que os estudiosos da língua definem como Gramática Normativa. Nela, são estabelecidas as regras, normas e orientações para se falar e escrever. Daí o conceito de certo e errado. Ainda bem que essa gramática não é a única que existe.

Consideremos essa nova situação: todos nós sabemos Português mesmo sem nunca termos ido a uma escola. Não importa o motivo. O fato é que todos conhecemos e praticamos o Português. Você poderia reclamar sobre os erros de concordância ou de ortografia. Não importa! Nesse caso, há outra gramática, denominada de Gramática Internalizada. Nela, os falantes assimilam naturalmente, pela prática, as regras estruturais do idioma de acordo com a comunidade em que esse falante está inserido.

Existe uma área do conhecimento chamada de Linguística, cujo objetivo é descrever o funcionamento das línguas. Nesse sentido, a preocupação é explicar de forma científica o porquê de, por exemplo, dizermos “eu amo ela”, “ali vão dois cara” ou “me dá uma coca-cola e um salgado”. Note que explicar é diferente de corrigir. Enquanto a Gramática Normativa prescreve a língua (dita normas), a Linguística explica a língua, da mesma forma que outras ciências explicam seus experimentos, seus fenômenos, a partir da prática. Quer dizer, da prática se constrói uma teoria. A Linguística faz o mesmo.

Uma das divisões da Linguística é a Sociolinguística, responsável pelo estudo da relação entre língua e sociedade. Neste ponto, a variação linguística entra em jogo porque, por mais que uma língua seja uniforme, variações no uso estão presentes.

Conheçamos algumas dessas variações em torno do idioma.

1 – Variação geográfica: em relação à região em que o falante está inserido. É ou não é verdade que a fala nordestina é diferente da fala dos cariocas? Essa variação pode ser denominada também de dialeto.

2 – Variação histórica: em relação à época em que o falante está inserido. Preste atenção no linguajar dos jovens e dos mais velhos de uma mesma região. Observe as gírias.

3 – Variação social: em relação ao grupo social em que o falante está inserido. Por exemplo, a maneira de um evangélico se expressar em relação a um apaixonado por futebol.

4 – Variação estilística: um mesmo falante em diferentes situações comunicativas. A maneira de falar de um aluno ao apresentar oral um trabalho em sala é diferente da maneira de falar desse mesmo aluno no intervalo.

Infelizmente, nossa sociedade discrimina os falantes pelo fato de eles adotarem determinadas variações linguísticas. Para a Linguística, não existe variação linguística melhor ou pior. Todas são importantes, pois cada uma, dentro do seu universo, cumpre seu papel comunicativo e interacional. Todas possuem seu espaço.

E o porquê do preconceito linguístico? A variação linguística que leva em conta todos os preceitos da Gramática Normativa é considerada pela sociedade como a variante de prestígio, a melhor. E quem fala ou escreve fora desses preceitos incorre em erro. Isso explica as críticas sofridas pelo ex-presidente Lula em relação à sua fala. Também explica o fato de todos nós precisarmos dominar essa variante de prestígio para obter espaço na sociedade. Por que precisamos evitar gírias quando da entrevista de emprego? Por que todos os concursos públicos ou vestibulares possuem a prova de Português e/ou Redação? Tudo porque somos cobrados a dominar a norma culta ou variante de prestígio.

Partindo da constatação de que a norma culta ou língua culta requer estudo, observância às regras de pronúncia, ortografia, concordância e sintaxe, existe uma variação linguística na qual não há aquela sensação de estar sendo vigiados. Referimo-nos à língua coloquial, usada nas situações informais pelos falantes, correspondente à Gramática Internalizada, já descrita anteriormente.

Por fim, é importante deixar claro que não há erro de Português. Há, sim, diferentes possibilidades de uso em relação à única possibilidade proposta pela Gramática Normativa. Cabe a cada falante refletir sobre qual é a melhor variante linguística para uma determinada situação. Não é assim que nós nos comportamos em relação ao vestuário?


Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Varia%C3%A7%C3%A3o_(lingu%C3%ADstica) - Acesso em 03 fev 2010 13h
http://www.lendo.org/preconceito-linguistico/ - Acesso em 03 fev 2010 14h
Apostila “Uma nova visão da Língua Portuguesa” preparada pela professora mestra Liliane Jaqueline Guimarães Ribeiro, adotada no Cemtn em anos anteriores.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A LINGUAGEM VERBAL E A NAO VERBAL

Você já parou para pensar sobre quando o homem sentiu a necessidade de se comunicar com outros humanos? Antes de você e eu nos entendemos por gente, já nos relacionávamos. Basta observar crianças com meses de vida em uma creche. Porém, gostaria de aprofundar essa discussão e esse é um dos papéis da escola: discutir sobre o óbvio a fim de que possamos amadurecer. O propósito, aqui, não é trazer respostas prontas. E sim, construí-las.

Se fizermos uma pesquisa mais apurada sobre a idade do nosso planeta ou mesmo sobre o aparecimento do gênero humano, encontraremos informações variadas. Há quem diga que o homem surgiu há sessenta mil anos . A idade do planeta, por exemplo, é de 4,6 bilhões de anos . Já no campo religioso, por exemplo, tanto o planeta como a raça humana existem há 6000 anos ..

Analisemos, agora, a seguinte situação: dois homens primitivos envolvidos em um processo de caça. Um deles, ao avistar a caça, avisa ao colega e sugere uma estratégia para encurralar a presa, por exemplo, cada um se aproximando por um lado diferente. Como esse recado seria dado? Como nós faríamos, usando palavras e/ou gestos, tal como fazemos? Ou eles apelariam para a mímica e grunhidos? A clareza comunicativa seria a mesma nas duas hipóteses?

Considerando a hipótese evolutiva, o homem, ao longo dos anos, aprimorou seu nível de linguagem. O que levou milhares de anos para que os primeiros sons, gestos, grunhidos, estruturas sintáticas e semânticas se transformassem no que temos atualmente é o que acontece com as crianças ao longo do seu processo de aquisição da linguagem: com o tempo, os grunhidos, os gestos, as primeiras palavras e frases se sofisticam e chegam a um limite, correspondente ao padrão linguístico daqueles que vivem ao seu redor – amigos, parentes, vizinhos etc. Se pensarmos no relato do Gênesis, teríamos o mesmo tipo de desenvolvimento linguístico em Adão e Eva ou eles já teriam sido criados, digamos assim, prontos? Já teriam seu desenvolvimento linguístico tão sofisticado quanto o nosso ou eles tiveram de se aprimorar, tal como se ensina em relação à evolução?

E em relação às línguas, como surgiram? Não há uma resposta pronta, porém há algumas hipóteses que valem a pena ser consideradas. Quem sabe, a necessidade de um primitivo avisar a seu companheiro sobre um perigo ou mesmo um pedido de ajuda tenha sido o ponto de partida para as primeiras palavras, o que equivale hoje ao nosso “Cuidado!”, “Socorro!”. Ou então, a necessidade de expressão de prazer ou de dor tenha sido o pontapé inicial.

Uma teoria interessante sobre o surgimento das línguas está ligada à Teoria da Onomatopeia Essa teoria ensina que as palavras foram formadas em suas raízes pela imitação dos sons naturais, ou seja, o homem ouvindo gritos de pássaros e de animais, o rugido do mar e os bramidos da floresta, o murmúrio do regato e o sopro da brisa, se esforçou por imitar todos esses ruídos. Tendo sido tais gritos imitativos úteis como sinais dos objetos que os tinham sugerido, a linguagem foi, desta maneira, elaborada. Aqui, a teoria baw-waw e a teoria ding-ding se encaixam também. Existem outras teorias sobre o assunto.

Até aqui, tudo que discutimos se liga ao que é denominado de linguagem verbal oral e linguagem não-verbal.

Reflitamos um pouco sobre a linguagem verbal escrita.
Segundo o professor Rainer Sousa, Mestre em História , as primeiras tentativas de se criar sistemas de escrita aconteceram por volta de 4000 a.C e em um primeiro momento, as primeiras inscrições eram feitas por meio de desenhos que visavam reproduzir de forma simplificada os conceitos ou coisas a serem representadas. Esse tipo de escrita é usualmente conhecido como escrita pictórica ou hieroglífica. Segundo o Mestre, de fato, não podemos atribuir o surgimento da escrita a uma única sociedade. Em épocas bastante próximas, civilizações americanas, os egípcios, chineses e mesopotâmicos começaram a desenvolver seus sistemas de representação gráfica.

O primeiro alfabeto surgiu na Fenícia, em 1500 a.C., e tinha letras só para consoantes. Os gregos adaptaram o alfabeto fenício e introduziram as vogais. Quando dizemos “alfabeto”, estamos pronunciando as duas primeiras letras do alfabeto grego: alfa e beta. O nosso alfabeto nasceu do alfabeto grego .
Nesse ponto, podemos sistematizar o seguinte:

A oralidade
- espontânea
- mais simples
- menor valor formal
- adquirida naturalmente
- praticamente nasceu com o homem

A escrita
- artificial
-mais elaborada
-maior valor formal
-pressupõe o estudo de símbolos gráficos
-surge a partir de 4000 a.C.

Linguagem – sistema de signos capazes de representar, através de alguma substancia significativa (som, cor, imagem, gesto), significados básicos que resultam de uma interpretação da realidade e da categorização mental dos resultados dessa interpretação. É o processo de interação comunicativa que se constitui pela construção de sentidos Possui caráter universal.

Língua – sistema particular de signos. Para cada grupo linguístico, o signo possui determinadas significações. Possui caráter grupal.

Fala – É a forma pela qual cada um de nós coloca em prática o efetivo exercício da linguagem por meio da adoção de um sistema particular de signos. Possui caráter individual.

Signo Linguístico – São elementos de significação nos quais se baseiam as línguas, e possuem uma dupla face:
a) A face do significante – ou seja – o suporte para uma ideia.
b) A face do significado – ou seja – a própria ideia ou conteúdo intelectual.
Exemplos:
- Sol e Sun são significantes diferentes para um mesmo significado.
- Manga possui um mesmo significante para significados diferentes.

Considerações finais sobre linguagem, língua e fala.

• Chomsky (década de 1950) – Conjunto infinito de sentenças a partir de um conjunto finito de elementos.
Competência – É a capacidade de aprender.
Desempenho – É a capacidade de se usar o que aprendeu.

• Roman Jakobson (década de 1960) – Todo o uso da linguagem, no processo comunicativo, apresenta diferentes finalidades ou determinadas ênfases.

• Hall (1990) – Os humanos interagem por meio de símbolos, quase todos convencionais.



E para encerrar, reflitamos sobre o que disse Aristóteles (384 – 322 a.C) – filósofo grego, sobre a linguagem:

Na abertura de sua obra Política, Aristóteles afirma que:

somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (“phone”) e, com ela, exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (“logos”) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os homens são capazes.