Você já parou para pensar sobre quando o homem sentiu a necessidade de se comunicar com outros humanos? Antes de você e eu nos entendemos por gente, já nos relacionávamos. Basta observar crianças com meses de vida em uma creche. Porém, gostaria de aprofundar essa discussão e esse é um dos papéis da escola: discutir sobre o óbvio a fim de que possamos amadurecer. O propósito, aqui, não é trazer respostas prontas. E sim, construí-las.
Se fizermos uma pesquisa mais apurada sobre a idade do nosso planeta ou mesmo sobre o aparecimento do gênero humano, encontraremos informações variadas. Há quem diga que o homem surgiu há sessenta mil anos . A idade do planeta, por exemplo, é de 4,6 bilhões de anos . Já no campo religioso, por exemplo, tanto o planeta como a raça humana existem há 6000 anos ..
Analisemos, agora, a seguinte situação: dois homens primitivos envolvidos em um processo de caça. Um deles, ao avistar a caça, avisa ao colega e sugere uma estratégia para encurralar a presa, por exemplo, cada um se aproximando por um lado diferente. Como esse recado seria dado? Como nós faríamos, usando palavras e/ou gestos, tal como fazemos? Ou eles apelariam para a mímica e grunhidos? A clareza comunicativa seria a mesma nas duas hipóteses?
Considerando a hipótese evolutiva, o homem, ao longo dos anos, aprimorou seu nível de linguagem. O que levou milhares de anos para que os primeiros sons, gestos, grunhidos, estruturas sintáticas e semânticas se transformassem no que temos atualmente é o que acontece com as crianças ao longo do seu processo de aquisição da linguagem: com o tempo, os grunhidos, os gestos, as primeiras palavras e frases se sofisticam e chegam a um limite, correspondente ao padrão linguístico daqueles que vivem ao seu redor – amigos, parentes, vizinhos etc. Se pensarmos no relato do Gênesis, teríamos o mesmo tipo de desenvolvimento linguístico em Adão e Eva ou eles já teriam sido criados, digamos assim, prontos? Já teriam seu desenvolvimento linguístico tão sofisticado quanto o nosso ou eles tiveram de se aprimorar, tal como se ensina em relação à evolução?
E em relação às línguas, como surgiram? Não há uma resposta pronta, porém há algumas hipóteses que valem a pena ser consideradas. Quem sabe, a necessidade de um primitivo avisar a seu companheiro sobre um perigo ou mesmo um pedido de ajuda tenha sido o ponto de partida para as primeiras palavras, o que equivale hoje ao nosso “Cuidado!”, “Socorro!”. Ou então, a necessidade de expressão de prazer ou de dor tenha sido o pontapé inicial.
Uma teoria interessante sobre o surgimento das línguas está ligada à Teoria da Onomatopeia Essa teoria ensina que as palavras foram formadas em suas raízes pela imitação dos sons naturais, ou seja, o homem ouvindo gritos de pássaros e de animais, o rugido do mar e os bramidos da floresta, o murmúrio do regato e o sopro da brisa, se esforçou por imitar todos esses ruídos. Tendo sido tais gritos imitativos úteis como sinais dos objetos que os tinham sugerido, a linguagem foi, desta maneira, elaborada. Aqui, a teoria baw-waw e a teoria ding-ding se encaixam também. Existem outras teorias sobre o assunto.
Até aqui, tudo que discutimos se liga ao que é denominado de linguagem verbal oral e linguagem não-verbal.
Reflitamos um pouco sobre a linguagem verbal escrita.
Segundo o professor Rainer Sousa, Mestre em História , as primeiras tentativas de se criar sistemas de escrita aconteceram por volta de 4000 a.C e em um primeiro momento, as primeiras inscrições eram feitas por meio de desenhos que visavam reproduzir de forma simplificada os conceitos ou coisas a serem representadas. Esse tipo de escrita é usualmente conhecido como escrita pictórica ou hieroglífica. Segundo o Mestre, de fato, não podemos atribuir o surgimento da escrita a uma única sociedade. Em épocas bastante próximas, civilizações americanas, os egípcios, chineses e mesopotâmicos começaram a desenvolver seus sistemas de representação gráfica.
O primeiro alfabeto surgiu na Fenícia, em 1500 a.C., e tinha letras só para consoantes. Os gregos adaptaram o alfabeto fenício e introduziram as vogais. Quando dizemos “alfabeto”, estamos pronunciando as duas primeiras letras do alfabeto grego: alfa e beta. O nosso alfabeto nasceu do alfabeto grego .
Nesse ponto, podemos sistematizar o seguinte:
A oralidade
- espontânea
- mais simples
- menor valor formal
- adquirida naturalmente
- praticamente nasceu com o homem
A escrita
- artificial
-mais elaborada
-maior valor formal
-pressupõe o estudo de símbolos gráficos
-surge a partir de 4000 a.C.
Linguagem – sistema de signos capazes de representar, através de alguma substancia significativa (som, cor, imagem, gesto), significados básicos que resultam de uma interpretação da realidade e da categorização mental dos resultados dessa interpretação. É o processo de interação comunicativa que se constitui pela construção de sentidos Possui caráter universal.
Língua – sistema particular de signos. Para cada grupo linguístico, o signo possui determinadas significações. Possui caráter grupal.
Fala – É a forma pela qual cada um de nós coloca em prática o efetivo exercício da linguagem por meio da adoção de um sistema particular de signos. Possui caráter individual.
Signo Linguístico – São elementos de significação nos quais se baseiam as línguas, e possuem uma dupla face:
a) A face do significante – ou seja – o suporte para uma ideia.
b) A face do significado – ou seja – a própria ideia ou conteúdo intelectual.
Exemplos:
- Sol e Sun são significantes diferentes para um mesmo significado.
- Manga possui um mesmo significante para significados diferentes.
Considerações finais sobre linguagem, língua e fala.
• Chomsky (década de 1950) – Conjunto infinito de sentenças a partir de um conjunto finito de elementos.
Competência – É a capacidade de aprender.
Desempenho – É a capacidade de se usar o que aprendeu.
• Roman Jakobson (década de 1960) – Todo o uso da linguagem, no processo comunicativo, apresenta diferentes finalidades ou determinadas ênfases.
• Hall (1990) – Os humanos interagem por meio de símbolos, quase todos convencionais.
E para encerrar, reflitamos sobre o que disse Aristóteles (384 – 322 a.C) – filósofo grego, sobre a linguagem:
Na abertura de sua obra Política, Aristóteles afirma que:
somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (“phone”) e, com ela, exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (“logos”) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os homens são capazes.
Parabéns por seu blog...muito me ajudou a trabalhar os contos machadianos. Obrigada
ResponderExcluirParabéns por seu blog...muito me ajudou a trabalhar os contos machadianos. Obrigada
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