sábado, 9 de junho de 2012

Por um ambiente melhor

    No dia 5 de junho próximo passado, comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, inserido  na denominada Semana do Meio Ambiente. Também nesse mês, o Brasil sediará a Rio + 20, conferência da ONU que irá reunir líderes mundiais para discutir meios para fazer do nosso planeta um lugar melhor para se viver. Há vinte anos atrás, também no Rio de Janeiro, aconteceu a Eco92, com a mesma finalidade.
   Mas não é sobre discussões acaloradas promovidas por altas autoridades que quero discorrer. Desejo refletir, sim, sobre o que se fala em oposição ao que se faz. 
   Enquanto se gasta quantias imensas em seminários envolvendo líderes estrangeiros,  há sacos de lixo rasgados e esparramados pelo chão da rua onde moro. Aconteceu recentemente na porta da minha casa, quando fui acondicionar o lixo no suporte metálico que mandei instalar na calçada. Para minha surpresa e indignação, havia um saco de lixo rasgado com vidros quebrados, restos de refrigerante e papéis espalhados pela calçada. Por impulso, decidi não ajeitar, já que aquele lixo não me pertencia. Cheguei a voltar para dentro de casa. Mas... em respeito a alguém que também poderia se cortar naqueles vidros e  tão vítima quanto eu, voltei à rua munido de sacola plástica, vassoura e pazinha e contribuí para a melhoria do planeta naquele anoitecer.
   Enquanto campanhas educativas são veiculadas nas mais diferentes mídias em relação à separação do lixo (papel, plástico, metais, pilhas e eletrônicos, resíduos alimentares), a coleta domiciliar de lixo irá misturar tudo. Minha esposa, nesse ponto, é de tirar  o chapéu. Mesmo sabendo que todo o lixo que está acondicionado de forma separada será transformado em uma mistura homogênea após ser sido colocado no caminhão de coleta, minha amada continua a fazer a sua parte na coleta seletiva em prol de um mundo melhor. 
   Enquanto escolas promovem projetos voltados para a preservação do meio ambiente, as salas de aula e áreas externas precisam ser varridas a cada turno devido ao lixo esparramado pelo chão. Como professor de Ensino Médio em uma escola de Ensino Médio, sou testemunha ocular da história de como há  desperdício de mão de obra. Já tive o privilégio de me abaixar para pegar garrafa pet de refrigerante semicheia que rolava pelo corredor de um dos blocos de salas; já fui honrado em presenciar uma das senhoras que fazem a varrição da área externa do colégio catar copos descartáveis que já deveriam estar no lixo e, ao que tudo indica, estavam passeando pela escola. Quem sabe esses copos deveriam ser advertidos por matarem aula? Na época em que biscoitos do tipo salgadinho eram vendidos no colégio, era possível efetuar uma pesquisa de mercado em relação qual a marca/sabor mais apreciado sem precisar ir até à cantina ou fuçar nas lixeiras. Bastava esperar um pouco, pois os pacotes vazios chegariam até o pesquisador por ação eólica. No fim de tarde anterior ao Dia Mundial do Meio Ambiente próximo passado, meu colégio foi presenteado com a seguinte ação em prol da melhoria do planeta: a segunda fogueira ateada em um espaço de vinte dias.
     Sei que não sou perfeito, pois também tive o meu dia de pisada na bola. Naquele dia, ao sair do colégio, já no meu carro parado ao lado de um ônibus repleto de alunos em um semáforo, havia jogado um papel de bala pela janela. Se algum daqueles alunos me reconheceu naquele longínquo anoitecer ...


Fernando Fernandes
    



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