Agora, conheceremos aquele que trouxe para o Brasil as tendências artísticas do Neoclassicismo, o Arcadismo: Cláudio Manoel da Costa.
Brasileiro,
nascido em 1729, foi jesuíta e formou-se em Direito em Portugal. Além das suas
atividades profissionais, também envolveu-se na Inconfidência Mineira junto a
outros inconfidentes, como Tiradentes e Tomás Antônio Gonzaga. Em 1789, foi
encontrado morto onde estava preso.
Com
o pseudônimo de Glauceste Satúrnio, soube trabalhar os temas árcades embora se
saísse melhor em relação aos temas clássicos, especialmente aqueles que foram
desenvolvidos no Renascimento em Portugal, via Camões.
Conheçamos
um pouco da sua obra por meio da análise de dois sonetos.
Torno a ver-vos, ó
montes; o destino
Aqui me torna a pôr
nestes oiteiros;
Onde um tempo os
gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte
rico, e fino.
Aqui estou entre
Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus
doces companheiros,
Vendo correr os
míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado
desatino.
Se o bem desta
choupana pode tanto,
Que chega a ter mais
preço, e mais valia,
Que da cidade o
lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca
fantasia;
E o que te agora se
tornava em pranto,
Se converta em afetos
de alegria.
O
poema, também enquadrado como soneto italiano, possui rimas ABBA / ABBA / CDC / DCD e versos
decassílabos.
Em relação aos temas latinos, temos:
a) Locus amoenus – a alegria do eu lírico em retornar ao ambiente
campestre.
b) Locus horrendus – a Corte, onde viveu parte da vida.
c) Fugere urbem – a saída da Corte demonstra esse deixar a cidade
para retornar ao campo.
d) Inutilia truncat / Aurea
mediocritas – o eu lírico abre mão dos luxos da corte (Inutilia truncat) em
função da vida simples e feliz no campo (Aurea mediocritas).
Os
nomes Almendro e Corino resgatam a cultura grego-romana.
Deixo o seguinte desafio.
a) A partir do vocabulário do poema, monte uma tabela com duas
colunas, uma para cidade e outra para o campo. Em seguida, localize no poema
que palavras remetem à cidade e ao campo e transcreva-as para a tabela.
b) Em relação às palavras do eu lírico aos montes, onde ele se
sente melhor? Na infância / atualmente ou no período em que viveu na Corte? Justifique
sua resposta.
Quem deixa o trato
pastoril amado
Pela ingrata, civil
correspondência,
Ou desconhece o rosto
da violência,
Ou do retiro a paz
não tem provado.
Que bem é ver nos
campos transladado
No gênio do pastor, o
da inocência!
E que mal é no trato,
e na aparência
Ver sempre o cortesão
dissimulado!
Ali respira amor
sinceridade;
Aqui sempre a traição
seu rosto encobre;
Um só trata a
mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna,
que soçobre;
Aqui quanto se
observa, é variedade:
Oh ventura do rico!
Oh bem do pobre!
Esse
outro poema, também enquadrado como soneto italiano, possui rimas ABBA / ABBA / CDC / DCD e versos
decassílabos.
A
linha interpretativa dele é similar ao primeiro poema. Nesse sentido, deixo
algumas questões em aberto:
a) O poema faz um jogo com os advérbios ali e aqui. Pensando
no binômio cidade / campo, o aqui refere-se ________________ e o aqui refere-se
___________________.
b) Identifique os temas latinos explicados acima nesse poema:
b.1) Locus amoenos
b.2) Locus horrendus
b.3) Fugere urbem
b.4) Inutilia truncat
b.5) Aurea mediocritas
c) Seguindo o modelo sugerido
pela tabela explicada no primeiro poema, faça o mesmo, agora completando a tabela
com as diversas características da cidade e do campo a partir do vocabulário do poema
Para
fechar essa postagem, cada um de nós possui uma preferência própria em relação
a lugares que nos fazem felizes ou infelizes. E é importante que saibamos
reconhecer isso sob pena de violentar-nos ao viver em locais que nos
entristecem.
Em
relação ao Arcadismo, o fingimento poético praticado nessa arte prega que a
cidade é local negativo enquanto o campo representa o ideal de felicidade.
http://www.etimologista.com/2012/10/as-escolas-literarias-o-arcadismo.html |
Fernando Fernandes
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